sábado, 10 de dezembro de 2011

Repetição da História - a agonia de um rio

A luta pela vida aquática do segundo rio mais poluído do Rio Grande do Sul. Poluição e seca ameaçam as poucas espécies que ainda restam, vejam que só duas espécies são citadas na reportagem. Houve épocas que a gama da fauna aquática tinha um leque riquíssimo de representantes, com peixes nobres como a traíra, jundiá e pintado. Não se diga que foi a pesca que os eliminou. A pesca nunca foi fator determinante para extinção das espécies, pelo menos no RS.


Milhares de peixes são removidos do Rio dos Sinos

Animais foram retirados do trecho mais poluído, entre a foz dos arroios Portão e João Corrêa

Peixes são removidas no Rios do Sinos. Veja mais fotos
Crédito: Pedro Revillion
O Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos) deve encerrar no início da tarde deste sábado a remoção de milhares de peixes do trecho mais poluído, entre a foz dos arroios Portão e João Corrêa, em São Leopoldo, ao manancial na Prainha, em Sapiranga, distante 18 quilômetros. A medida foi tomada devido à qualidade da água, que atingiu níveis críticos em São Leopoldo.

A Operação Piracema faz a transposição através da captura com uma rede e transporte em um caminhão com cinco mil litros de água, com auxílio da Brigada Militar, Polícia Rodoviária Federal e Corpo de Bombeiros. As principais espécies transportadas são mandinho e voga (o mais sensível à falta de oxigenação).

Na manhã de sábado, o oxigênio dissolvido na água estava próximo de zero – o mínimo para garantir a vida dos peixes é de 2 mg/l, segundo o técnico Mauricio Prass. A condutividade estava em 205 microsiemens por centímetro (µS/cm), sendo que o máximo aceitável é 80 µS/cm – o que demonstra presença de metais pesados. A temperatura da água, que não deve ultrapassar os 20°C, estava em 25°C, com tendência a aumentar ao longo do dia. "Os peixes estão morrendo lentamente, mas em grande quantidade. Não acumula porque as garças os comem", alerta o diretor-executivo do Pró-Sinos, Julio Dorneles, reforçando que os índices medidos lembram um arroio poluído.

De acordo com Dorneles, o número de peixes transportados deve superar a expectativa inicial de quatro mil animais e chegar até a seis mil, já que eles são menores do que o esperado. Além de a qualidade da água ser melhor em Sapiranga, na área os técnicos podem garantir que os peixes conseguirão subir para as regiões mais limpas, onde conseguem se reproduzir.


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Fonte: Correio do Povo

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Estórias de Pescaria

Bento Carvalho, meu pai, foi mateiro entre as décadas de trinta e quarenta quando ainda restava muitas matas intocadas que faziam parte do "mato grosso" como era conhecidas as matas que cobriam o noroeste do estado.
Assim como as matas, os rios, os riachos  e as nascentes eram de uma pureza impar e neles se abrigavam várias espécies de peixes. Desde os pequeninos até os gigantes como os Dourados e  os Surubis. As histórias, confirmadas pela minha mãe, assim como as estórias somente contadas pelo meu pai e corroboradas pelo Piúna um ajudante de ordens nos acampamentos que não merecia muita credibilidade, eu as contabilizo assim, como estórias. O Piúna, ou "seu" Piúna como chamávamos, pegou esse apelido devido aos mosquitinhos pólvoras que naqueles tempos eram chamados de piúna. Quando começava anoitecer nos acampamentos os gritos dele de ai piuuunaaa, indicava que o mesmo estava sendo "churrasqueado" como dizia meu pai. Outro que era de confiança era o "seu" Rizão. Nós o chamávamos assim devido a sua dentadura barata que usava que por mais que fechasse a boca, aparecia os dentes! Depois de adulto é que me dei conta, que os dentistas usavam conjuntos de dentes que não tinham saída, normalmente os maiores, e faziam descontos. Para nós crianças, não queríamos nem saber era "seu" Piúna e "seu" Rizão e pronto! Levávamos uns petelecos mas não largávamos disso. Pois esses dois não eram de muita confiança e volta e meia diziam amém às estórias contadas pelo meu velho. Recordo como se hoje fosse o Piúna concordando:
-É pura verdade Don Joel (que assim me chamava pelo quarto de sangue castelhano que tenho pela minha vó paterna que era uruguaia). Quando vinham em casa, era motivo de alegria para o velho e para nós criançada.
O pai, normalmente muito sisudo, soltava-se um pouco mais e fazia nossa alegria contando os causos.
Como meu pai virou mateiro? Meu velho tinha um dom que, dadas as devidas proporções, eu também possuo: um senso de  orientação muito grande, a chamada inteligência espacial, que me deu a oportunidade de cursar o curso de cabo no quartel e me proporcionar o primeiro lugar: fui cabo topógrafo. Continuando, o velho trabalhava na Prefeitura Municipal de Ijuí e nas férias e licenças prêmio, trabalhava para um engenheiro como desbravador nas colônias a serem implantadas, abrindo as picadas e demarcando-as. Naqueles tempos existiam duas marcas de biscoito o Duchem e o Aymoré que vinham em latas parecidas com as de banha. Os biscoitos eram vendidos por peso e quando as latas eram esvaziadas, meu pai as adquiria para levar mantimentos nas empreitadas. Quando, por força do consumo, as latas ficavam vazias, eram enchidas com caça e pesca imersas nas banhas em que eram fritas. Este era o cenário em que meu pai trabalhava.
Um certo dia, ao passar por um lajeado de mais ou menos 10 metros de largura, ouviu barulho de dourado caçando. Escolheu um pesqueiro, limpou o lugar deixou lenha seca para fazer um fogo e continuou com o serviço. Ao entardecer se dirigiu para o pesqueiro, fez o fogo iscou o anzol com uma rã, rebolou a linha grossa de algodão e arremessou, se voltando para arrumar o lugar para ficar mais confortável. Passou-se um tempo e, na outra margem do lajeado ele começou ouvir barulhos no mato. Não nascido de susto, desafivelou o Smith & Wesson calibre 32 e ficou alerta. Atiçou mais o fogo e do breu da noite veio rosnados do leão baio (puma), aí arrepiou o pelo. Com a linha na mão esquerda e a direita na coronha do revólver, esperou mas não por muito tempo: a linha correu, ele deu o tirão, o leão baio rugiu, barulho n'água pois o dourado é brigador, começou a puxar com as duas mãos e sem largar o revólver. Qual não foi sua surpresa quando trouxe fisgado, à luz do fogo, o leão baio apavorado e fisgado pelo beiço. Sem outra alternativa, um tiro na testa e o couro do bicho enfeitando o acampamento!
Verdade, Dom Joel, verdade!
MountainLion.jpg

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Pescarias no Velho Rio da Ponte - Potiribú

Entre as muitas vezes que pescamos no Potiribú, em uma delas pressentíamos que não pescaríamos nada por conta de uma babaquice minha. Entre a curva abaixo da Usina Velha e a curva da Corsan/Clube de Caça e Pesca, existe um trecho reto de aproximadamente duzentos metros em declive acentuado. Pois bem sempre pensávamos em melhorar os equipamentos de pesca, que até então resumiam-se nas linhas de pesca de fundo e alguns caniços de bambu, nada mais. O Samo como financiador das mesmas, resolveu comprar material e fazer um espinhel. O espinhel para quem não sabe, é uma linha mais grossa, chamada maromba, com linhas de náilon pequenas presas à mesma e com empates de metal e anzóis na ponta. Sabíamos vagamente como colocar em operação dito apetrecho. Depois de muitas conversas, optamos por iscá-lo por completo, enrolá-lo em laçadas e um ficaria municiando o outro com o desenrolar do mesmo. Isso acertado, decidimos o lugar em que iríamos armá-lo e começamos a operação. Fiquei na barranca com as laçadas no braço, servindo ao meu irmão, que com água pela cintura, na corredeira, ia puxando o espinhel. Ia tudo muito bem, conforme o planejado, quando uns anzóis enroscaram-se noutros e começou a anoitecer. Não enxergando direito, a lambança só aumentou. Para complicar, uma chuva fraca, mas persistente, começou a cair. Brigando muito comigo, o mano resolveu deixar por isso mesmo. Lançou uma pedra na ponta do espinhel como âncora. Colocou mais uma sobre o meio e jogamos a maçaroca para dentro d'água, amarrando a ponte em um sarandi.
Para complicar, não dava para dormir na casa, pois quem estava de plantão, trouxe a família junto e não tinha lugar para nós. Dormimos na casa de máquinas, no quentinho.
No outro dia, quando acordamos, por conta da vibração dos motores, perdemos o controle sobre o nosso equilíbrio, tivemos que fazer uma "quarentena" sentados para só depois levantar fazer um café e ir olhar o estrago que fizemos.
Com tudo embolado, não esperávamos grandes coisas mas, surpresa! o Espinhel estava coalhado de jundiás,  de bom porte, inclusive no bolo perto da margem! Ao voltar para a cidade com três fieiras vistosas eramos inquiridos onde tínhamos pescado tanto. Não acreditavam que era no nosso Rio da Ponte. Como as autoridades também e permitiram o massacre dos peixes pelo laticínio instalado nas margens dele.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Pescaria de Supermercado - peixe panga


Ninguém me contou: aconteceu comigo. Achei baratissimo este peixe. Descongelei e o primeiro dissabor: 50% era água. Como não posso comer frito, coloquei num refratário e assei ao forno: Além de diminuir mais ainda, começaram a sair os tais, filetes branquinhos. Lembrei das corvinas que têm que ser evisceradas logo após a sua captura pois senão as larvas dos vermes se "escondem" em sua carne. Não comemos! Quanto à água, o processo é o seguinte: Todos os peixes que vêm em sacos herméticos, primeiro é feito uma despressurisação e logos após uma substituição do vácuo com água. Nas embalagens de "caixinha" existe água, mas o processo não altera significativamente sua estrutura: Molha-se o peixe e congela-se quase instantaneamente.
Pelo sim pelo não, prefiro pescar em açudes conhecidos, sem plantações por perto e em campos para criação de gado. Pescaria em supermercados só espécies conhecidas e resfriadas, pois podemos conferir sua qualidade. Quem me garante que os filés não foram feitos de peixes cuja validade já venceram?
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Repassem, compartilhem, alertem. Comuniquem seus familiares para termos mais segurança alimentar! 
>>>>>>>>>>>>>>>> do Portal Luis Nassif
INFORMAÇÃO URGENTE !
PEIXE  PANGA



Pelo sim pelo não, comer peixe criado em cativeiro no Vietnan e que       chega aqui mais barato que o pescado nacional...
Existem muitas       mensagens sobre o assunto na internet, algumas tentando desmentir com       argumentos ridículos.
Panga, tô fora!


ESTÁ  À VENDA NA REDE BOM PREÇO,
G. BARBOSA, HIPER IDEAL, EXTRA,
REDE EPA MG, MART PLUS, CARREFOUR
E OUTROS



Caros,

Em algumas oportunidades             tive o desprazer de observar o malfadado peixe branco, sempre             servido em self-services e/ou "à la carte." (Entre os restaurantes             onde pode ser encontrado o "gourmet" o cliente faminto terá mais             opção do se pensa em self-services)
Em um             self-service, tive a curiosidade de ver melhor o peixe no meu prato.             Ao abrir a posta do peixe notei que a massa estava impregnada de             filamentos.
Encostei o prato,             retirei guardanapo parte do peixe e levei para analise. Os             filamentos, na verdade, eram vermes de até dois cm.            
Procurei me informar, lá             mesmo no caixa, da origem do peixe e fui informado que se tratava de             peixe asiático.
Após análise da porção             amostrada tirei minhas conclusões que são coincidentes com as             informações prestadas: - peixe asiático de água doce, proveniente de             rios extremamente poluídos de excrementos, dejetos e toda sorte de             poluição biológica, física e química devido, entre fatores diversos,             à maciça ocupação de barcos que servem de vias e moradias que             constituem aglomerados populacionais de pessoas carentes de serviços             sanitários e salutares. Esse ambiente condiciona por si só o             desenvolvimento e procriação de víveres adaptados a esse habitat             degenerativo. O nível de poluição dessas águas é tamanha magnitude             que as próprias pessoas que, por lá convivem, têm nojo e repugnância             dos víveres dessa água. Essas condições associadas viabilizam a             proliferação exacerbada de peixes que ressalta aos olhos dos             especuladores inescrupulosos que conseguem com tremenda facilidade             realizar farta e rentável "pescaria" para a venda dos seus produtos             no terceiro mundo afora - de quebra no Brasil.   
         
CUIDADO COM OS PRODUTOS             SERVIDOS POR ESSES ESTABELECIMENTOS
SÓ ESTOU             REPASSANDO, MAS É BOM TER CAUTELA!!!
ASAE -             SOCIEDADE AMERICANA DE ENGENHEIROS             AGRÔNOMOS

Peixe Panga - PERIGO para             a SAÚDE PÚBLICA

Há pouco tempo             descobri um novo peixe, aparentemente perfeito: filetes muito             branquinhos, frescos ou congelados, sem espinhas e a bom preço no             supermercado... claro que             decidi experimentar...
A minha primeira impressão do sabor do             peixe não foi a melhor, (embora fosse a única a encontrar algo             estranho, pois é um sabor muito ténue...)
Hoje voltei a comer, e tal como da             primeira vez que provei             este peixe não melhorou a impressão do             sabor...
Acabei de             almoçar e pesquisei e encontrei o texto que envio             abaixo.
NOTA - achei por bem             enviar, porque muitos de vocês já terão provado e gostado...             L
O Peixe Panga: a nova             aberração da globalização

O panga é um peixe             de cultura intensiva/industrial no Vietname, mais exatamente no             delta do rio Mekong e está a invadir o mercado devido ao seu             preço.
Eis o que deve             saber sobre o Panga:
Os Pangas estão infestados com elevados             níveis de venenos e bactérias. (arsénio dos efluentes industriais e             tóxicos e perigosos subprodutos do crescente setor industrial,             metais pesados, bifenilos poli clorados (PCB), o DDT e seus (DDTs),             clorato, compostos relacionados (CHLs), hexaclorocicloexano isómeros             (HCHs), e hexaclorobenzeno (HCB)).
O rio Mekong é um dos             rios mais poluídos do planeta.(Na guerra do Vietnã o último recurso             americano foi jogar o "agente laranja"(desfolhante e             cancerígeno).
Não há nada de natural nos Pangas - Eles             são alimentados com restos de peixes mortos, ossos e de solo seco,             transformados numa farinha, com mandioca e resíduos de soja e grãos.             Obviamente, este tipo de alimentação não tem nada a ver com a             alimentação num ambiente natural.
Ela não faz do que             assemelhar-se ao método de alimentação das vacas loucas (vacas que             foram alimentadas com vacas, lembra-se?) A alimentação dos pangas             está completamente desregulada.. O panga cresce 4 vezes mais rápido             do que na natureza ...
Além disso os pangas são injetados com PEE             (alguns cientistas descobriram que se injetassem as fêmeas pangas             com hormonios femininos derivados de desidratado de urina de             mulheres grávidas, a fêmea Panga produziria os seus ovos muito             rapidamente e em grande quantidade, o que não aconteceria no             ambiente natural (uma Panga passa a produzir assim aproximadamente             500.000 ovos de uma vez). Basicamente, são peixes com hormonios             injetáveis (produzidos por uma empresa farmacêutica na China) para             acelerar o processo de crescimento e reprodução. Isso não pode ser             bom.
Ao comprar pangas estamos colaborando com empresas             gigantes sem escrúpulos e gananciosas que não se preocupam com a             saúde e o bem-estar dos seres humanos.
Este comercio está             sendo aceito por países que os vendem ao público em geral, sabendo             que estão vendendo produtos contaminadas.
Nota: devido à             prodigiosa quantidade de disponibilidade de Pangas, este irá acabar             em outros alimentos: surimi ( alimentos com pasta de peixe), peixe             terrines e, provavelmente, em alguns alimentos para animais. ( cães             e gatos!)
Diz-se que comer             peixe é bom para a saúde, mas eu já começo a duvidar de             tudo!!!!

domingo, 2 de outubro de 2011

HOMENAGEM AOS RIOS QUE ME ENSINARAM A PESCAR III







Na terceira postagem desta série, a minha homenagem ao Rio Potiribú ou Rio da Ponte como era mais conhecido. Nossas áreas de pesca eram o Angico, o Watslawich e  o trecho compreendido entre a Usina da Sede ou Usina Velha até a ponte da estrada que vai de Ijuí até a fonte Ijuí. A que conhecíamos mais era o trecho da Usina Velha até a Ponte que deu o nome popular ao velho rio. Quando digo conhecíamos é porque realmente conhecíamos todos os seus recantos, sabíamos o que pescar em cada cantinho do nosso rio e em todas as épocas do ano. Quando voltávamos das pescarias o pessoal não acreditava que era no Potiribú que tínhamos pescado. Afirmavam que lá não tinha mais peixe! A história se repetia pela terceira vez! Deixarei para postar depois algumas pescarias que se destacaram em minha memória que desmentiam todos que afirmavam a morte da fauna ictiológica do nosso rio.
Falando na fauna, era um leque muito grande que pescávamos: Traíras, Jundiás, Cipós, Lambaris, Carás, Joaninhas, Mandins, cascudos, violas e  Muçuns. Nunca pescamos Voga ou Pintado mas ouvíamos falar neles. Na década de 50  tentaram introduzir a criação de peixes no município de Ijuí e o peixe escolhido foi a carpa cabeçuda que se espalhou rapidamente em todos os rios da região (Potiribú, Conceição e Ijuí) e uma vez tarrafiei uma de mais ou menos 8 kg. Havia um outro peixe que raramente pegávamos. Nós o chamávamos de peixe espada, porém não tenho certeza que seja esse. A cabeça parecida com a do Cará porém o corpo ia afinando até se tornar um rabinho redondo. A memória falha quando tento lembrar a nadadeira que percorria todo corpo se era dorsal ou anal. Lembro que tinha poucas vísceras logo após a cabeça, no ventre. Tinha escamas. Os exemplares que peguei tinham mais ou menos 1 cm de largura uns 4 ou cinco de altura e até a ponta do rabo, 20 a 30 cm. Nunca ouvi falar em Dourado ou Surubi, peixes que de acordo com meu pai, existiam no Rio Uruguai.

"Ori Cavinato recorda, com tristeza, um episódio que vivenciou numa ocasião em que foi pescar no rio. Constatou uma grande quantidade de peixes mortos. Desde então se interessou em procurar descobrir as causas daquela mortandade de peixes.
Constatou que o grande problema começou a partir de 1960, com a mecanização da agricultura e o uso de agrotóxicos. A partir daí, muitos pequenos agricultores começaram a abandonar suas terras e migrar com suas famílias para a cidade."
Mas mesmo com esses problemas sazonais, ainda era piscoso pois foi a partir desta época, que mais mocinho, juntamente com meu irmão Samuel e o primo Jair (o Bilico) (os três mosqueteiros) primeiro a pé, depois a bordo de uma lambreta, íamos todos Sábados à tarde, mochila nas costas, acampar no terreno onde ficavam as bombas da Corsan. 
Isso até 1969 quando fui de mala e cuia para Porto Alegre, vencer a Selva de Pedra...
Na década de 70, recebo uma carta de meu irmão. Estranhei pois ele não era de me escrever nem ligar. Um pouco apreensivos abri o envelope e me deparei com uma foto do Correio Serrano tirada de cima da ponte com uma anotação: "Olha o que fizeram com o nosso rio!".
Não tinha um metro quadrado que não estivesse ocupado por peixes mortos de todos os tamanhos e espécies. Fiquei estático e as lágrimas rolaram dos meus olhos. Os colegas da Siderúrgica Riograndense mais próximos notaram e quiseram saber o que acontecia. Lhes expliquei que a história novamente se repetia numa escala infinitamente superior às outras. Nas grandes mídias da época nenhuma linha. Era assunto paroquial e como vivíamos sob um regime ditatorial, não seria divulgado mesmo. No outro lado do rio em frente a fazenda do IMERAB, construiram um laticínio que na primeira descarga de resíduos, matou toda a fauna ictiológica do meu Rio Potiribú. Após um acidente assim dificilmente a fauna recupera em seu esplendor máximo. Sei que andam fazendo tentativas de estudo da bacia do Rio Potiribú, tanto no tocante ao assoreamento como da fauna.
Que Deus tenha pena dos culpados.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

HOMENAGEM AOS RIOS QUE ME ENSINARAM A PESCAR II

Os riachos que me ensinaram os mais rudes ensinamentos da captura de peixes já estavam canalizados e ainda assim serviam aos propósitos da gurizada que gostava de comer um peixinho frito! Ainda usávamos caniços pequenos e sacos de aniagem para as nossas aventuras. Os anzóis eram comprados ou feitos de alfinetes. As linhas já eram de monofilamento de nylon (um tipo de plástico) ou de algodão (barbantinho fino que costurava a "boca" dos sacos de farinha e açúcar também de algodão). As varinhas tinham no máximo um metro de comprimento, maiores que isso, ficavam incomodas e tínhamos que pescar de longe sem enxergar, muitas vezes, a linha. Essas eram as tralhas de pesca e com elas enchíamos as fieiras. Novamente o descrédito dos adultos das nossas famílias, dos industriais e das autoridades quanto a existir peixes nos riachos, levaram a uma mortandade enorme de peixes que nos fizeram chorar às suas margens! A rua onde morava tem o sentido Leste/Oeste e iniciava (naquele tempo) na faixa velha que ia para Alto da União/Cruz Alta. Depois abriram a outra margem dando continuação. Pois bem, na esquina de baixo da primeira quadra, construíram um complexo que depois ficamos sabendo que era um laticínio (nós chamávamos de fábrica de manteiga). Desse tempo, lembro um caso interessante que presenciei: em um dia de verão, sol forte, calor de fritar ovo em capota de carro (um dito nosso), no lado Leste formou-se uma tempestade que vinha em uma velocidade boa e logo nos alcançaria. A gurizada reuniu-se para tomar  banho de chuva e assim aplacar o nosso calor! Decepção! Como uma parede d'água veio até a esquina da Fábrica de Manteiga e como se esperasse passar algum carro, parou. Uma imagem formidável da bomba d'água parada na esquina e os filamentos de água marrom escura escorrendo por nossa rua mas nos deixando na mão a duas quadras de distância. Lembro também que íamos pegar, com uma leiteira ou caneca de lata de azeite quadrada, fazendo concorrência com a gurizada da Rua do Aperto, um pouco de soro de leite geladinho, sobra da fabricação de queijo, que o pessoal da fábrica distribuía gratuitamente. Era uma delícia!
Antes de tudo isso, a grande tragédia. Na primeira descarga de dejetos, o riacho de perto da minha casa coalhou-se de peixes de todos os tamanhos, branqueando com suas barrigas, as águas barrentas. A memória não me falha ao dizer que ainda me vêm as imagens do acontecido naquele dia. Lambaris, jundiás, joaninhas, cipós, carás e traíras lutando para viver num abre-boca de dar dó! Uma perna do Y estava irremediavelmente morta. era a mais curtinha das duas, nenhum peixe escapou.
A morte da outra perna foi muito bem descrita por um sobrinho meu em um post seu no Blog do Marcão e num comentário que colocou na primeira homenagem que postei:
Pescaria
http://gauchopescador.blogspot.com/search/label/pescaria

Marcos disse...

O riacho que passa ao lado do estádio do São Luiz, nasce em uma vertente no clube Recreativa e passa pelo Clube Aquático Tiarajú. Minhas pescarias iam do Tiarajú pra cima até a Recreativa. Quando eu já era adolescente, começaram a ligar o esgoto na sanga e aí danou-se.
Ná década de 90 houve um derrame de gasolina na Petrobras, a gasolina desceu pelo esgoto até a sanga e, surpresa, mesmo completamente poluído fiquei impressionado com o tamanho dos jundiás que morreram e que viviam na sanga. Ninguém mais pesca lá.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

HOMENAGEM AOS RIOS QUE ME ENSINARAM A PESCAR

Com quarenta anos de atraso, presto meu tributo aos rios de minha infância e juventude onde engatinhei na arte de pescar. Digo arte pois na natureza é necessário muitos e muitos anos de experiência para que alguém se intitule pescador na acepção da palavra. Não falo de ir a um pesque-pague onde parece que os peixes são ensinados a divertir os pescadores que recebem tudo, inclusive instruções, para pescá-los. Sem falar da alta densidade nos lagos para que, deixando-os sem alimentação, eles virarem presa fácil! Saber reconhecer os habitats dos diversos tipos de peixes nativos, seus costumes no inverno ou no verão. O tipo de cada equipamento, as várias armadilhas que podem ser usadas, o modo que o peixe "belisca" ou "corre". Conhecer as leis que envolvem a pesca. Hoje, apesar de bem experiente, ainda não conheço tudo. O gosto pela pesca é ainda o maior mote para os sucessos que tenho em pescarias. Uma espécie de premonição de onde está o peixe. Isso que tentarei colocar nas postagens deste blog.  Mas o que me move nesta primeira  postagem é o que tentarei descrever em uma trilogia que começa com :

O DESENVOLVIMENTO DAS CIDADES COMO DESASTRE ECOLÓGICO

Há em Ijuí vários riachos que cortam a cidade e que hoje não mais consegue-se visualizar. Um deles tinha a nascente na antiga Rua do Aperto, descia até cortar a antiga Rua do Quartel (Mal. Mallet) quase com esquina com Rua Professora Luiza Couto  e ainda enviesado em confronto com as quadras chega no estádio
19 de Outubro onde se encontra com outro riacho que tem a nascente no Clube Aquático Tiaraju. Ao norte da cidade o novo riacho se encontra com o riacho do Curtume. Naquele tempo a partir daí não dava nem para chegar perto. Isso a partir de uma serraria atrás da SOGI nos potreiros dos Storch.Assim situado posso dizer onde morava: a trinta metros da esquina da Marechal Mallet com a Luiza Couto. Nessa esquina, o riacho fazia uma curva e seguia margeando a Luiza Couto em direção ao Leste. Devido aos constantes alagamentos, foi feito a canalização dos riachos com paredes de pedra de construção e pontes de concreto (antes eram de madeira).  no "meu" riacho começou em uma quadra de distancia de casa e no outro, do Tiarajú, até as terras do Dr. Leão. Na altura do Estádio, juntava-se e ia terminar perto da Pedreira Velha. Onde moravam os Bohrer. Dos seis ou sete aos dez anos foi ali que pescávamos, pois aos miúdos não era dada a liberdade de ir ao Grande Rio da Ponte ou Potiribú. Quando conseguíamos comprar algum anzol lambarizeiro, era uma festa. Os outros piás ficavam babando e nos acompanhavam na "pescaria". Era jundiazinho, cipós, lambaris, porquinhos (carás) e trairinhas que iam para uma vareta que chamávamos de fieira. Quando não tínhamos anzóis comprados e nem linha de pesca, improvisávamos com alfinetes e barbante de algodão que costurava a "boca" dos sacos de farinha de trigo. As iscas eram variadas, a mais usada eram minhocas abundantes em qualquer parte dos nossos terrenos. Mas pequenos gafanhotos verdes também serviam. Bolinhas de pão, arroz cozido, pedacinhos de carne, tripas de galinha também davam bons resultados. Com o riacho baixo, quando conseguíamos sacos de aniagem que eram usados para embalar feijão ou milho, fechávamos um lugar estreitinho do riacho com a boca aberta do saco. Outros vinham, a favor da correnteza, batendo com paus e com os pés espantando os peixes para dentro da armadilha. Não era tão gostoso como pescar com pequenas varinhas feitas de bambu (taquara) ou algum galho fino e reto de alguma árvore. Minha mãe não incentivava, mas deixava ir pescar e disponibilizava a fritura dos peixinhos em sua cozinha, ao contrário das outras mães. Devido a isso eu era presença constante em todas as pescarias.
Mas diante desse quadro, onde o Desastre? Evidentemente o traçado do riacho foi alterado pois foi feito em linha reta para melhor escoamento da água. Nas curvas que ficaram cheias d'água, os peixes que ali estavam, morreram por falta de oxigenação da água, formando um tapete de barrigas brancas que não me saem da lembrança! Meu irmão tentou salvar alguns jundiás e traíras colocando-os no tanque de lavar roupa com água do poço, mas não adiantou. Nós dizíamos que tinha muito peixe mas os velhos não nos acreditavam... Esses que o mano tentou salvar eram grandes. Atribuo, não tenho certeza, ao tempo de piracema, pois nunca tínhamos visto peixes tão grandes.
Continuamos por um bom tempo pescando ainda nos mesmos moldes nos dois riachos, mas abaixo do Estádio não dava mais devido as ligações de esgoto que começaram a ser feitas. Mais crescidinho já me aventurava no riacho do Tiarajú, mas então...