quinta-feira, 22 de março de 2012

Pescarias estranhas - locas - Arrependimento

Antes de participar das nossas pescarias estranhas -locas-, tinha um pensamento igual ao do Urso do Alaska que se alimenta dos cardumes de Salmões na piracema. A quantidade é tanta que meia dúzia, não faria falta. Fui amadurecendo e quando participei da "pesca" ao jundiá pastando no campo, me deparei com a realidade. Ao capturar uma fêmea e um macho, ela estava se esvaindo em ovas e ele em esperma. Eu havia quebrado o ciclo de suas vidas! Ainda se tivesse pego depois dos rituais consumados, mas não, foi no ato! Devolvi-os à água e naquele momento me dei conta que estava predando mais do que o necessário e já não era o urso que lutava por sobrevivência. Era um predador que buscava o prazer pessoal de fazer uma grande pescaria e ter o que falar para os amigos. Ao olhar para cima da taipa do canal em que estávamos pescando, dei-me conta do tamanho desse crime. Havia mais peixes do que podíamos estocar em nossas geladeiras! Claro, sempre havia um amigo ou vizinho que seria beneficiado com doações, mas minha regra básica de só capturar o necessário para ter um peixe na panela regularmente, sem exageros, estava quebrada. Não queria ficar, de maneira alguma, igual ao meu vizinho, que se dependesse dele, estaríamos até agora pescando os  indefesos jundiás. E vou lhes dizer que a quantidade assombra, tanto no que diz respeito aos peixes que participam do cerimonial quanto dos peixes capturados pelo homem. Mesmo com todo o alvoroço, não vimos patrulhas ambientais do Ibama ou da Brigada Militar. Não aproveitam o conhecimento popular para impedir a matança ou acham o mesmo que eu achava: teoria do Urso do Alaska. Não que eles estivessem onipresente  na orla da Lagoa dos Patos pois seria impossível, mas barreiras nas intersecções das estradas vicinais com as rodovias estaduais ou federais, já seria de bom tamanho. Os dois órgãos, pude testemunhar pessoalmente em batidas que sofri em pescarias, são bem atuantes, o que é bom para que tenhamos sempre a oportunidade de termos uma variação saudável na alimentação. Mas realmente fiquei intrigado com a ausência. Ignorância de não saber que após um calorão e uma chuva torrencial acontece essa migração enorme? Estratégia de fiscalização falha? Estaria, hoje, mais feliz se me houvessem parado naquele dia de Fevereiro!

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