domingo, 17 de junho de 2012

O primeiro "peixe grande" que pesquei!

Foto ilustrativa, no início da década de 1960 não existiam câmeras digitais!

Piava

Nome científico: Leporinus spp
O primeiro tudo não se esquece! É beijo, sutiã, viajem, contracheque, e o que mais que quiserem! Pois o primeiro peixe grande foi uma agradável surpresa. A memória não me falha. Uma semana acampado a jusante da Usina Hidrelétrica de Ajuricaba. Parceiros? Dois irmãos - mais novo e mais velho - do Erno Zimpel, um tio dele e o único  de fora da família, de furão, esse que vos escreve. Cinco rapazotes acampados e aproveitando o máximo do rio Ijuí. Rio caudaloso, o maior que tinha conhecido até aquela data, com mais ou menos 13 anos de idade. Ao Erno, a mim e ao irmão mais novo, cabia a tarefa de capturar as iscas para as pescas da noite: espinhéis e linhas de espera. À noite não estávamos autorizados a ir nestas andanças, por motivo de segurança. De canoa, o máximo permitido eram as corredeiras cujas pedras em um saco nos serviam de âncora e o poço da ceva - um estômago de porco preso a uma corda e com perfurações para deixar sair os últimos alimentos do animal carneado. Esta ceva trazia uma gama enorme de peixes grandes para aquele remanso do rio. Poço fundo, quando atirávamos alguma linha de  fundo, por pouco não ficava a prumo. Neste poço aconteceram os melhores resultados da  pescaria. O que lembro, além das traíras que foram muitas, foi um jundiá de mais de três quilos apanhado no espinhel.
Nas corredeiras, o que mais pescávamos eram lambaris para  isca. Minhocas pegávamos em um barranco num riachinho onde deixávamos a canoa. Tomávamos café, pegávamos minhocas suficientes para a pescaria do dia, esperávamos os "maiores" voltarem das revisadas das redes e espinhéis e  descíamos 300 metros de rio até acharmos as águas brancas. Nos divertíamos capturando carás, joaninhas, cipós, jundiás, lambaris, traíras, espadinhas e uma variação de joaninha que tinha todas as cores do arco-íris. Nós a chamávamos de fiuza. Não achei em compêndio algum nem menção a esse peixe lindo que nunca mais vi. Mesmo porte da joaninha. Mesma isca, mesmo habitat, mesmo modo de sorver a isca com anzol e tudo que se você não for rápido, tem que eviscerá-la para retirá-lo.
Com peixinhos suficientes, voltávamos ao acampamento. A tarde era reservada para alguma pesca de barranco enquanto os maiores recorriam as redes e re-iscavam os espinhéis e esperas.
Numa dessas tardes modorrentas de janeiro, almoçamos e como os maiores iriam sair só depois das quatro horas, resolvemos pegar a canoa e ir até o poço ver se pegávamos mais algumas iscas ou peixes que podíamos comer. como meu lambarizeiro tinha ido na boca de uma trairinha que cortou a linha, levei minha única linha de pescar: mono-filamento de nailon, não lembro a espessura, emendada, com uma chumbada de correr e um anzol japonês que não era de aço, já que volta e meia tinha que redesenhar sua forma pois que por qualquer coisinha deformava. Isca de minhoca. Pois bem, chegamos no poço, passamos a canoa por baixo de um galho que saía fora d'água amarramos a corda e enquanto o pessoal se divertia com os peixes pequenos, eu lancei minha linha de fundo. Amarrei a linha no galho sentei-me no banco da canoa e literalmente desliguei do mundo aproveitando a beleza do lugar e o movimento dos pássaros que povoavam aquele lugar. -Tua linha tá correndo! Esse grito me tirou da letargia e ágil comecei a recolhê-la. Pesou. Quem já sentiu a luta do peixe contra o anzol, o zigue-zague com que se debate, a incerteza do que foi pescado, o coração acelerado, a surpresa do tamanho, o ineditismo da situação que mesmo revisado em pensamento e palavras nunca tinha sentido,  vai saber que a estupefação que tomou conta de mim é muito natural. Peixe na canoa pulando, pode cair fora e ir-se. O Erno passou tão rápido por mim que derrubou-me n'água, e logo estava com a piava abraçada. Voltei para bordo, via galho e, tremendo, apreciei meu primeiro peixe grande.
Não havia a menor chance de pegá-la com aquele equipamento e com aquela isca, mas aconteceu!

Um comentário:

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